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Irla, Déh e Taísa

Irla tem o sonho de, um dia, ser protagonista de uma novela da Globo. Laylson, que prefere ser chamado de Déh, aprendeu a assistir novelas com a avó e hoje escreve as suas próprias histórias. Taísa viveu uma vida quase como um enredo de novela e hoje é membro da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, onde faz sua voz ser ouvida.

 

Os três, de diferentes formas, têm relações com as telenovelas brasileiras, especialmente as da TV Globo. Se Déh até hoje ainda acompanha, critica de forma consciente e elege seus autores preferidos baseado na qualidade do texto, entre tantas outras análises, Irla diz já não ter mais tempo para assistir a todas as que deseja por causa da vida atribulada. Taísa, por outro lado, afirma ter desistido da TV aberta.

 

Cada um deles também têm seus atores, atrizes, autores e novelas preferidos. Enquanto Irla enfatiza os nomes de atrizes negras que evidenciam seus cachos e crespos e se reconhecem como mulher negras, assumindo-se com orgulho, Taísa fala de novelas que mais lhe chamaram a atenção e, nas palavras dela, deixaram-na feliz. Déh, como observador nato de boas produções televisivas, conta com entusiasmo que são os núcleos que trazem temas e discussões relevantes, que mais o atraem em novelas, como o núcleo gay e as mulheres fortes, nas palavras dele.

 

Todos os três também comentam sobre a representação (ou equidade, nas palavras de Taísa) de personagens negros nas novelas da TV Globo, levando em consideração o real quantitativo de negros na população brasileira - mais da metade.

 

Para eles, existem diferentes soluções para o problema: a comunidade negra produzir por si mesma, a inserção de criadores negros nas grandes empresas de comunicação, usufruir de plataformas de fácil uso e grande alcance. Mas o objetivo é o mesmo: refletir na tela o que existe fora dela.

 

Nos excertos das entrevistas abaixo eles contam um pouco da vivência com as novelas, os problemas das produções, racismo, reconhecimento, representação e mudanças.

Ser negro

Irla Sab, 19 anos, estudante do 2º ano de Dança na UFPE. Aos 9 anos começou a fazer teatro. Parou aos 12 e voltou com quase 13 anos. Um dia, pretende ser o principal rosto de uma telenovela ‘das 9’ da TV Globo

“Como eu comecei a me sentir negra? Chegou uma época da minha vida que eu não aceitava o meu cabelo. E demorou muito, porque eu ficava botando química. Foi até na época que mulher bonita só era mulher de cabelo liso. Aí, todas as pessoas que tinham cabelo cacheado, elas simplesmente optavam por fazer progressiva. Eu sempre amei minha cor, eu nunca tive vergonha de ser negra, mas na minha infância eu cheguei a ter vergonha de ter cabelo cacheado. Só que de seis anos pra cá me veio a coisa de ‘eu tenho que me amar, eu tenho que ser eu mesma’. E com esse descobrimento, depois que as mulheres cacheadas começaram a usar o natural, eu me aceito como eu sou”.

“Eu sempre amei minha cor”

Laylson Santana, ou Déh, tem 21 anos. Sempre amou assistir a novelas e discutir sobre elas. Aprendeu com a avó, hoje com 87 anos, no município de Vicência, na Zona da Mata de Pernambuco

“Eu me considerava pardo, nos registros do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] e etc tava pardo. Mas na minha certidão de nascimento tá branco. Então me considero branco. Apesar de que eu prefiro pensar mais no meu sangue do que na minha pele. Porque minha avó que me fez assistir novela é negra, minha outra avó é indígena, meus avôs têm ascendência europeia. É muito bom crescer numa família assim, essa mistura. Minha mãe é branca e meu pai é mestiço. Me considero mix”.

“Me considero mix”
A mídia
“Acredito que a internet foi a grande revolução”

Taísa entrou para o movimento negro quando saiu da Bahia para o Recife. Depois de conhecer uma amiga negra na pós-graduação que lhe chamou para a questão urgente do negro no Brasil. Foi quando percebeu também que o que a mídia faz para incluir o negro não veio de repente

"Os grandes meios de comunicação, pra mim, não interferiram em nada no sentido positivo. De forma alguma. Essa onda do cabelo cacheado é recente, agora. E é uma ideia mercadológica, não é porque o Movimento Negro tá aí há mais de 30 anos gritando, sabe? Não foi apenas uma conquista exclusiva do movimento negro. Foi também, mas o grande influenciador foi o mercado. Tem também aí a questão da internet, que possibilitou que pessoas negras e não negras tivessem voz, coisa que nunca nos foi dado. A gente sempre foi representado por meio da perspectiva branca, caucasiana. E não era um olhar positivo sobre nós. Então quando meninas negras descobriram que podiam usar outras ferramentas pra fazer o seu discurso se disseminar, como o YouTube, por exemplo, aí a coisa começou a mudar um pouco de figura. E as mídias tradicionais também começaram a enxergar a gente enquanto um mercado consumidor. Então hoje ter produto pra cabelo cacheado não é porque o mercado disse ‘nossa, os negros existem, vamos aqui os representar’. De jeito nenhum! É pra vender creme de cabelo. Isso é importante? É! Porque eu vejo crianças soltando seus cachinhos, todas muito orgulhosas do que são, sem a vergonha que eu tive que passar. São passos de formiga, mas é muito importante. Eu acho que a coisa da autoestima das pessoas negras começou através da estética, da aceitação do cabelo, mas não pode parar por aí. Acredito que a internet foi a grande revolução pra que a gente falasse por nós, para nós, quando sempre falaram pela gente”.

“A mídia sempre vai influenciar a gente”

Irla cita influências reais de mulheres que ela considera referências

Quando a gente vê nas novelas, por exemplo, Taís Araújo, Camila Pitanga, Sheron Menezzes causa impacto, sabe? Na época que Taís fazia Cobras e Lagartos e tinha os cabelos lisos teve gente que chegou pra mim e disse que eu parecia com ela. E por ter gente que chegava e dizia que eu pareço com alguém da mídia, vinha aquela coisa ‘eu também vou alisar o meu cabelo’, principalmente porque ainda era na época em que mulher de cabelo cacheado era feia, então eu pensava ‘vou alisar’. De qualquer forma, a mídia sempre vai influenciar a gente. Agora, por exemplo, a mídia colocando mulheres de cabelo cacheado, produtos de cabelos.

Negros nas novelas
“Nós negros e negras queremos oportunidades”
“Acho que falta a consciência do autor também”

Já Déh enxerga que o problema muitas vezes está nas produções das novelas. Afinal, se quem cria a história não vive aquela realidade, como retratá-la de forma fiel?

“Acho que falta a consciência do autor também. Não é porque eu não sou negro, que eu não vou escrever sobre personagens negros. Por exemplo, Em Família, que trouxe personagens negros, mas eu não me sentia incluso quando tinham cenas de racismo. Não achei que foi feita de forma realista. Eu sei que há preconceito, mas eu não senti a realidade na forma como a novela escreve aquele preconceito”.

 

“Eu já me interroguei em relação aos meus trabalhos. Já escrevi três livros, vou publicar o primeiro em breve. Sempre são homens, jovens e gays. Será que isso é um pouco fechado? Isso me fez pensar também por que não há personagens negros nas novelas. Alguns autores que eu consigo pensar agora, Manoel Carlos, Glória Perez, Alcides Nogueira, Elisabeth Jhin, Walcyr Carrasco, Duca Rachid, Telma Guedes, são todos brancos. A única autora negra que eu consigo pensar é Shonda Rhymes, que não é brasileira nem escreve novela. Ela é autora de Grey’s Anatomy. E aí você a diferença que um autor negro faz numa obra. Quantos personagens negros não têm lá? O chefe do hospital é negro, o chefe da cardiologia é negro. Depois disso vão surgindo outros cirurgiões negros, internos que vêm aparecendo. A série Sob Pressão, da Rede Globo, você vê a diferença, teve pouquíssimos atores negros e fala do mesmo tema praticamente”.

Irla acredita que a miscigenação brasileira não aparece nas telas da televisão, principalmente nas novelas. E que o que falta é espaço para negros e negras mostrarem que podem fazer qualquer papel

“Quando o racismo aparece, me sinto ofendida. Em qualquer cena mostra um pouco de racismo. Quando colocam o negro como traficante. Quando colocam o negro como inferior. Quem é a empregada? É uma negra. Negro só aparece nos subúrbios. Cadê os negros em uma casa belíssima, cadê os negros como protagonistas? Não tem. Eu acho que os atores fazem os papeis por uma questão de oportunidade. Porque nós negros e negras queremos oportunidades. Então eu acho que eles pensam ‘ah, vou aceitar, nunca se sabe o dia de amanhã’. Mas sempre vai ter racismo, as pessoas sempre vão colocar pra baixo. Então a gente tem que lutar pelos direitos da gente”


“Quem me dera fazer uma negra como personagem principal. Tipo Jeiza [Paolla Oliveira, uma das protagonistas da novela A Força do Querer, 2017] que era uma policial, lutadora de MMA. Imagina se fosse uma mulher negra!”

“Eu era o único ponto preto”

“Eu tenho uma mãe biológica, que teve mais quatro filhos além de mim. Eu sou a segunda mais velha. Por questões milhares, a solidão da mulher negra, pobreza e etc, minha mãe me colocou pra adoção. E minha mãe adotiva é branca. Assim como a minha mãe, toda a família também é branca. Minha mãe é do Recife, mas mora há muitos anos em Salvador. Apesar de branca, minha mãe tentava estimular a minha autoestima, da forma como ela sabia, ela procurava personagens de livros que fossem negros, como o de Ana Maria Machado, Menina Bonita do Laço de Fita, eu tinha bonecas pretas. Eu vivia num meio de classe média alta, estudei em colégio de classe média alta, com filho de deputado federal, em Salvador. Eu era o único ponto preto numa sala de 40 alunos, era complicado. Teve uma época que eu odiava ser negra. A aceitação com relação à minha família, pelo fato de ser negra, não foi um problema. Quando eu fui crescendo, fui percebendo as nuances. No Brasil, o racismo é muito velado, tem umas nuances que às vezes a gente entende como elogio ‘nossa, que beleza exótica, que negra linda’, são situações as quais as pessoas têm dificuldade de identificá-lo, o que o torna extremamente violento. Então, esse tipo de nuance, eu não percebia, passei a perceber agora, com 30 anos na cara. Então é uma coisa que conscientizar e politizar minha própria família. É muito complicado”.

Taísa Silveira, 31 anos, jornalista e mestra em Antropologia. Foi adotada quando tinha 8 meses por uma família branca, depois que sua mãe biológica não teve condições de criá-la. Ano passado, descobriu pela internet a mãe que a gestou e os irmãos que até então não conhecia

“Eu gosto de trabalhar com
a ideia de equidade”
Taísa chama a atenção para o que a palavra representatividade pode significar

“Depois de avançar um pouco nas minhas leituras e na minha vivência, não gosto mais de usar a questão da representatividade. Porque não adianta ter o negro ali se ele tá reforçando estereótipos. Não adianta você ter o Lázaro Ramos se ele tá representando o Foguinho, que é o personagem malandro, desonesto, mulherengo. Esse tipo já deu, tá ultrapassado. Então eu gosto de trabalhar com a ideia de equidade. Se 54% da população brasileira, segundo os últimos dados de 2015, são de pessoas negras, não faz o menor sentido que a maioria das pessoas que aparecem na televisão seja branca. Então estou falando de equidade, de você equiparar. Porque quando você pensa em equiparar, começa a perceber que as pessoas negras são diversas. Então quando a gente pensa em equidade, a gente pensa em equiparar a maior parte, o maior número de pessoas negras dentro da sua diversidade, dentro da sua multiplicidade”.

Novelas e personagens marcantes
“Fui parar para pensar e de primeira não lembrei de nenhum”

“Quando você me perguntou isso, antes da entrevista, eu fui parar pra pensar e percebi que não soube lembrar de nenhum. Se eu fizer uma retrospectiva da minha vida de noveleiro, talvez eu consiga pensar em algum, mas de início, não. Eu digo que isso é um problema mais geral, mas principalmente um problema de autor. Por exemplo, Walcyr Carrasco é gay e você pode perceber que toda novela ele procura incluir o universo homossexual. Tipo aquela novela, Chocolate com Pimenta, que um homem cresceu achando que era uma menina. Ele sempre procura trabalhar com questão de gênero. Amor à Vida teve o primeiro gay vilão.

Então eu acho que a questão do negro é a mesma coisa. Não existem autores negros pra colocarem a realidade dos negros nas novelas”.

Déh cita o autor Walcyr Carrasco, que sempre procura representar a si mesmo em suas novelas
“Nós somos o pecado?”

Taísa cita novelas que trazem personagens negros mais marcantes em sua opinião, mas também sinaliza para o reforço de estereótipos

“Cheias de Charme me marcou, foi uma novela feliz, leve. Apesar de que das três principais, que eram empregadas domésticas, duas eram brancas. E qual é a cor das empregadas domésticas no Brasil? Até nisso aí houve um apagamento. Mas ainda assim a gente não pode esquecer a importância de Taís Araújo ali. Outra que me marcou foi Da Cor do Pecado. Vários problemas. Já começa pelo nome. A protagonista é negra, o nome da novela é Da Cor do Pecado. Quer dizer que nós somos o pecado? O pecado está no corpo e na cor da mulher negra? Outro problema que eu consigo enxergar está a abertura, que aparece um colo nu de uma mulher negra. Ou seja, mais hipersexualização da mulher negra?”

Qual o papel das telenovelas e da ficção?
“Eu coloco como se tudo estivesse normal”
“Novela tem que expor a realidade”

Déh conta o que espera ver nas telenovelas e como elas o impactam de diferentes forma

“Eu acho que a novela tem que expor a realidade, sabe? O Brasil tem muito preconceito, ok. Mas Babilônia, por exemplo, mostrou uma negra advogada, que fez faculdade por meio das cotas e se tornou uma excelente profissional. A novela trazia essa realidade, eu me sentia incluído quando eu assistia. Essa novela mesmo, Em Família, era muito distante, eu não me identifiquei, não vivi nada daquilo".

 

"Lado a Lado, por exemplo! Eu amava o texto, me lembrava Senhora, de José de Alencar, A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, e Helena, de Machado de Assis. Mas outra coisa maravilhosa dessa novela, em relação aos negros, é que fala sobre o surgimento das favelas, um pouco depois da abolição, das religiões afro. Foi muito interessante. Apesar de não ter sido uma época em que eu vivi, achei muito interessante. Tem uma cena que eu achei maravilhosa foi a cena da Tia Jurema [Zezeh Barbosa, tia da protagonista, Camila Pitanga], quando ela foi presa, justamente por ser mãe de santo, e o pessoal da comunidade protestou na frente da delegacia. E enquanto isso, ela estava fazendo os rituais da religião dela dentro da cela. É outra coisa que falta às novelas, mostrar as religiões afrobrasileiras. Mostra o terreiro, mas não mostra os rituais. Quando é o catolicismo, mostra o padre na missa; o protestantismo, o pastor no culto. Mas em relação às religiões afrobrasileiras não é mostrada a intimidade deles, o que eles fazem. A primeira vez que eu vi isso foi na novela Lado a Lado”.

Irla acredita ter escrito cerca de oito histórias, todas em formato de roteiro. E em todas elas faz questão de colocar personagens negras. Colocar a si mesma no papel. Por isso, afirma que a importância da ficção não é apenas representar, mas fazer refletir.

“Eu começo a criar no dia a dia. Romance, comédia, suspense. Colocando o negro no principal. É tão lindo ver um negro recebendo um Oscar. Eu me arrepiei toda quando vi Lupita ganhando. Não é comum isso acontecer. Sou muito fã de Zoe Saldana. Eu me identificando com elas. Então eu sempre coloco nas minhas histórias uma mulher negra, vai que um dia essas histórias virem realidade. Quem me dera alguma dia a minha história ser boa o bastante pra receber um Oscar e uma mulher negra receber".

"Eu coloco como se tivesse tudo normal. Eu fujo um pouco da realidade. Mas pretendo colocar uma história assim, de uma pessoa que sofre. Um mundo que não em preconceito. Acredito que o papel da ficção seja dar uma reflexão para as pessoas, de saber que o negro também é capaz, que também pode”.

“Não podemos ficar presos às velhas fórmulas”
Foto: Carol Sá Leitão
Foto: Carol Sá Leitão
Foto: Carol Sá Leitão
Foto: Carol Sá Leitão
Foto: Carol Sá Leitão
Foto: Carol Sá Leitão
Foto: Carol Sá Leitão
Foto: Carol Sá Leitão

Taísa considera que a comunidade negra precisa produzir e não somente esperar para entrar na grande mídia. E a internet, para ela, é o caminho

“Eu acho que não pode ser arte pela arte. Eu to fazendo aqui a minha arte e acho que não tem reverberação nas outras pessoas, principalmente no Brasil, onde se vê mais televisão do que leem livros. A grande formação da população vem da televisão. Então, as pessoas entendem e passam a refletir sobre diversas questões políticas, sociais, em suas vidas e em seus meios, através da televisão. Então, se isso não é feito de uma maneira responsável e crítica, eu acho que perde a força que esse meio de comunicação teria de transformação social. Mas isso é uma ideia muito utópica, porque os detentores desses meios de comunicação são homens, brancos, héteros (até onde se sabe), riquíssimos. Então eu acho que a televisão tem que trazer essa reflexão”.

“Eu volto a falar da força das redes sociais. Não tá preso a um patrocinador específico, não tá preso a horário. Se eu hoje quiser abrir um canal no YouTube, ninguém vai poder me impedir, e eu vou poder falar das minhas, para as minhas, que são as mulheres negras. Então essa coisa de ter mais autores negros é o que a gente chama de racismo estrutural, ou seja ele permeia todas as áreas da sociedade. A gente precisa fazer com que as pessoas negras tenham acesso. Mas a gente também não pode ficar preso às velhas fórmulas. ‘Ah, porque a gente precisa de autores negros dentro da Globo’. Por que dentro da Globo? Não precisa tá na Globo, não. A gente tem que fazer as nossas próprias produções. Então a gente tem que produzir, tem que parar de ficar só buscando entrar nos espaços que são brancos, porque eles não vão deixar. A gente precisa começar a pensar e a criar. A gente precisa começar a falar da gente, pra gente, pros nossos meios, criar outros caminhos, que não precisam ser a Rede Globo, que não precisa ser a mídia tradicional”.

Foto: Monica Silveira
Foto: Alfeu Tavares
Foto:Rafael Bandeira
Foto:Arquivo pessoal
Foto:Danielle Rodrigues
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